domingo, 16 de maio de 2010

VIDA DE GUERREIRA


Esta é a história de Therezinha. Nasceu em 11 de agosto de 1952, na cidade de Minas Gerais, num lugarejo chamado Lajinha. Seu pai, Loloé era um trabalhador da roça, colhia e vendia bananas pelas redondezas. Tinham boa vida, mas a mãe Nirta, nunca estava satisfeita.
Resolveu trair Loloé, e Therezinha , irmã mais velha, então com 6 anos, passou a cuidar das irmã Aparecida, Kátia e Maria.
A vida ficou difícil.Nada de brincar, nada pra comer,a não ser banana verdolenga, dormir ao relento.Mãe sumida, pai só trabalho!
Quando regressava da labuta, tentava cuidar das filhas, mas...não era o suficiente!
Maria morreu de fome. Não acordou quando a manhã chegou.
Therezinha e as irmãs perderam a caçula. Pediram comida pra mãe. Esta espirrou leite materno no rosto dela. Therezinha nunca mais tomou leite.
Nirta separou-se de Loloé e casou-se com Geraldo, fazendeiro rico, mas autoritário. "Ela vai embora, parece com o nêgo do seu marido." Therezinha foi expulsa da família por ser filha de um bom homem.
Morou em muitas casas. Se defendia como podia. Crescia, despertava o desejo dos loucos homens da fazenda onde estava , mas Deus olhou por ela.Mandou um anjo da guarda, seu tio Gilson, que ia dar ela pra uma moça rica da cidade.
Arredia foi conhecer a senhora, que estava acompanhada por uma amiga, senhora distinta , portuguesa elegante.
Não quis ir com a moça que a queria. A outra perguntou se queria ir com ela. Foi!
A vida mudou. Não era empregada, era filha. Cuidou do pai adotivo que ficou cego por amor.
A melhor amiga morreu assassinada. Mais sofrimento.
Apaixonou-se. Antonio trabalhava na gráfica da família. Casaram-se. Tiveram uma filha. Mas Antonio não era fácil. Separou-se e foi a luta.
Criou a filha fazendo faxina, virou manicure.
Nessas idas e vindas , o amor a escolheu, Nelson o companheiro de vida perfeito.
Deus abençoou o amor dos dois. Deu-lhes uma filha.
Mudaram-se pro sul do estado do Rio de Janeiro. O coração de Therezinha começou a pifar.
Primeiro susto: um marcapsso! Vida nova regada a remédios .Parar? Jamais?! O trabalho é sua mania, seu hobby, sua vida.
O tempo passou . Therezinha sofre um AVC. Cadeira de rodas. A fala era díficil, o olhar não tinha mais brilho. O coração estava fraco. A respiração começou a falhar. Os anjos a levaram na manhã de um lindo sábado de sol. Morreu nos meus braços.
Minha mãe , que em espirito me protege e que se manifesta em um lindo jardim de orquideas lilás na frente de nossa casa!

2 comentários:

KARLA TRAVALON disse...

Nossa, Jana! Sem palavras... é profundo,é triste e tão real...

Amiga, vc faz arte com sentimento, as palvras têm, forma, som, cheiro e sabor.

Unknown disse...

Muito bom, Jana! Um relato comovente de uma mulher movida a comoção. Parabéns, minha amiga - Abração