sábado, 3 de maio de 2008

ELISA LUCINDA - TATAME


Cá estou para uma guerra inesperada e dificil:

lutar contra o meu amor,o amor que eu sinto.Puta que pariu!

Civil, despreparada e desprovida de armas, pareço perder de cara a empreitada.

Levanto da primeira derrubada e o bicho já me golpeia certo no diapasão;

justamente o afinador dos fracos,a bússola sonora dos instrumentos de canção.

Me emudece, me desafina ceifa rente meu braço de poema, e,manca dele, procuro ainda alguma proteção.Mais um golpe, estou no chão.O amor caçoa então: quer morrer, danada, não vai lutar não?Com o bico da chuteira da mágoa desfiro-lhe dois golpes seguidos no queixo.O amor ri: não doeu, nem senti!

Irada, engancho minhas pernas em seu pescoço, tento as tesouras imobilizantes que copiei das lutas da televisão.(Que nunca gostei, será que prestei a devida atenção?)

O amor interpreta mal...Ah, quer me seduzir? Enforcar, que é bom, não?Eu nada falava, torcia pernas, me esgotava,fremindo-lhe a cabeça entre as coxas.

Isto pra mim é trepada, boba!Eu gosto do aperto, do cheiro da roxa e de te ver roxa.E gargalhava.Cansada, humilhada e sem munição, desmaio e me entrego:pode me matar, amor eu estou na sua mão.O amor me olha de cima então:querida minha, eis o segredo da esfingeeis o problema diante da solução:matar-te é matar-me e matar-me é matar-te.
Se no chão do amor estava,nesse chão continuei então.Deitada sob o amor,debaixo do amor,no ringue do amor,o amor me beijou, me beijou, me beijou.

Um comentário:

Unknown disse...

mona tou arrepiada! amei seu blog!

bjao! :-)